RECHEIO - Deu ruim
#️⃣ Edição 13
⏱️ Tempo de leitura: 10 minutos
Dia desses minha geladeira parou de funcionar…
DO NADA. Fui me dar conta só no fim do dia, ao chegar em casa. Não tinha muito o que fazer além de morrer um pouco por dentro com a ideia dos alimentos que poderiam ser perdidos e esperar até o dia seguinte (um domingo) para ver se havia alguma solução.
Mas eu fiz uma coisa que todo ser humano faz. Aquilo que todo consumidor cumpre em algum momento de sua vida quando lida com qualquer tipo de crise, de qualquer escala, em qualquer hora do dia ou da noite… eu fui pro Google.
Pesquisei o modelo da minha geladeira e “não liga” e “não funciona”. O que eu encontrei foi uma infinidade de páginas e vídeos de assistências técnicas, eletricistas e profissionais de todos os tipos ensinando sobre defeitos crônicos da minha geladeira. A cada clique, eu descobria algum mal silencioso do modelo específico que eu tenho. Como uma bomba relógio que eventualmente iria estourar e me deixar com um orçamento quilométrico na mão.
O mais curioso é que, quanto mais caseiros os vídeos, mais eles me convenciam. É difícil de explicar, mas você deve ter passado por algo assim. Assistir ao vídeo do YouTuber Luciano Guizzardi (que nunca tinha visto na vida) mostrando com seu celular sem foco como substituir o relê de uma geladeira Electrolux para mais de 380 mil pessoas passa muita credibilidade. É uma prestação de serviço gratuita e muito bem vinda em um momento de crise para um consumidor.
Onde eu quero chegar com isso? Bem, onde eu gostaria de ter chegado era em qualquer página, vídeo ou material oficial da Electrolux falando sobre o problema que eu tinha. Oferecendo algum tipo de conteúdo que me tranquilizasse sobre todos os problemas crônicos que aparentemente minha geladeira poderia ter — e que me fizeram questionar seriamente se a compra não tinha sido péssima. Veja bem, uma geladeira de anos que nunca tinha me dado nenhum problema.
Quem faz conteúdo tende a esquecer dessa etapa crucial da vida do consumidor: o pós-compra. É o momento mais provável para o cliente buscar informações especificamente relacionadas aos seus produtos. A consequência? A internet vai estar repleta de conteúdos feitos por outras pessoas relatando problemas. Afinal, tem muita gente procurando sobre isso e é um tipo de conteúdo perene, ou seja, que pode ficar lá por anos recebendo audiência.
Não fuja da conversa
Como sempre, com estratégia: conseguiu atrair a atenção do público e criar uma conversa com ele? Ou melhor ainda, tornou esse público um consumidor de algum produto seu? Então é hora de dedicar um tempo consistente na produção de conteúdos de orientação. Não para cumprir o papel de atendimento ao cliente (que é fundamental), mas sim para garantir que a conversa com seu público não fique em silêncio bem na hora de maior necessidade dele. E de maior vulnerabilidade para sua marca.
Conteúdos sobre os seus problemas também são muito importantes. Seja transparente, direto e consistente ao falar de problemas que seu produto pode apresentar. E tenha atenção para explicar ou se posicionar sobre o que as pessoas podem estar falando em sites e vídeos por ai. Entre na conversa mesmo nos comentários de outros YouTubers.
Essa parte do seu conteúdo deve estar bem ranqueada no Google. Um posicionamento tão bom quanto seus conteúdos de atração e descoberta. E, mais importante, precisam prever diferentes formatos, especialmente vídeos com a presença de pessoas que dominam bem os produtos da sua empresa.
Lembre-se: conseguir transformar uma conversa em duradoura é um grande feito! Não vá desperdiçar todo esse esforço justamente quando o seu cliente quiser conversar sobre um problema que ele possa ter com você.
Ah, e no dia seguinte eu acabei descobrindo que era só o disjuntor da minha cozinha que tinha caído.
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
Toda semana, um gráfico pra você pensar…
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo.
O LinkedIn está contratando mais de 80 jornalistas…
Faz parte da expansão que deixará a área editorial da rede social com quase 200 editores de conteúdo no mundo. O LinkedIn Notícias foi lançado em 2011 e tem divisões locais em diversos países, incluindo o Brasil. Os conteúdos são, obviamente, focados no mercado profissional e contam com uma publicação matinal diária que chega a mais de 159 milhões de pessoas. A maior quantidade de vagas será no Reino Unido.
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Já tem inteligência artificial criando imagens do nada…
Podem ser dragões e unicórnios brincando em uma floresta encantada ou até ursinhos de pelúcia trabalhando em computadores na lua nos anos 80. As imagens foram compartilhadas por Sam Altman, CEO da empresa de inteligência artificial, feitas por um computador a partir de frases sugeridas por seus seguidores. Será que uma nova era de creators virtuais já chegou?…
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Agora é a FIFA que lançou uma plataforma de streaming…
E como o pessoal não parece estar sendo muito criativo, o nome do serviço é FIFA+. Por enquanto, ele está gratuito em todo o mundo e disponibiliza mais de 2 mil horas de arquivo de partidas clássicas, além de séries exclusivas e notícias sobre os campeonatos nacionais. Mas a promessa é colocar nas telas dos assinantes jogos das principais ligas de futebol global e até mesmo a Copa do Mundo deste ano. Cada vez mais, o consumo de conteúdo não-linear e verticalizado vai sendo a aposta da vez. Mas será que as pessoas têm tanto tempo disponível assim?
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Ninguém está assistindo o streaming novo da CNN…
Ou seja, a pergunta que eu acabei de fazer ali em cima foi retórica. Segundo a CNBC, a nova plataforma de notícias CNN+ tem atraído menos de 10 mil espectadores por dia nos EUA. O serviço foi lançado há 2 semanas. Como comparação, a versão a cabo da emissora tem média de 773 mil espectadores diários no país. Pode ser que a tal da estafa do streaming realmente tenha chegado.
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
Alimentar crianças com ingredientes saudáveis pode ser um desafio. E o Kitchn, um site de culinária, criou um branded content para a marca de molhos Prego onde as pessoas podem clicando em um infográfico simples sobre os gostos dos seus filhos para receber sugestões de receitas. Ao final, vem a sugestão de um prato balanceado que ainda acompanha um molho da marca patrocinadora e o link para comprar no site do Wallmart. Refeição completa pra qualquer marca.
Obrigado pela leitura!
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Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo, além de inovação, tecnologia e memes.
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