RECHEIO - Olha como você fala comigo
#️⃣ Edição 07
⏱️ Tempo de leitura: 10 minutos
Com quem você pensa que tá falando?…
Pode parecer uma pergunta simples, mas ela é complexa. Afinal, conteúdo de verdade é uma conversa. Isso influencia os assuntos que você escolhe, a abordagem que você vai trazer e, principalmente, o jeito como você fala.
E por isso mesmo eu quero entrar em um assunto meio polêmico.
Linguagem e gênero
Não sei se você reparou, mas eu raramente-quase-nunca uso gênero masculino ou feminino para me dirigir com o público da RECHEIO (no caso, você). Nada de leitor ou leitora. E isso é um esforço consciente (e trabalhoso) para atingir mais pessoas e não me prender em uma ideia restrita de quem vai ler e assinar a newsletter.
E, independente da sua opinião sobre ser certo ou errado, estou aqui para reforçar que — se você quer resultado — ter atenção ao comportamento das pessoas é o que vai ditar sua estratégia.
Geralmente é assim:
A empresa dá uma olhada no perfil da carteira de clientes e decide, “é pra elas que vou criar conteúdo”. Se a maioria for homens brancos engenheiros, então eu sei como escrever. Se forem mulheres negras enfermeiras, então sei como falar.
Mas a verdade é que a empresa não sabe.
Quando se trata de conteúdo, lembre-se, o negócio é comportamento. E ninguém mais está preso àquela concepção ultrapassada de “engenheiro é desse jeito” ou “enfermeira é assim”. Esse engenheiro ai pode ser fã de poesia, essa enfermeira pode ser influencer de moda.
O conteúdo precisa ir além da sua base conhecida de clientes, pois ele tem o poder de trazer o perfil de consumidores que sua marca ainda não têm. É assim que ela cresce. É assim que você atinge mais pessoas.
Olhe para o perfil de seus clientes atuais. Olhe também para quem consome os concorrentes. Mas use isso apenas como ponto de partida para definir o público-alvo dos seus conteúdos. É importante não esquecer que o conteúdo busca awareness justamente para atrair mais pessoas.
O seja, escrever com gênero masculino é fechar as portas — ou pelo menos estreitar a entrada — para pelo menos 50% do seu público potencial.
Escrevendo e pensando
Texto em gênero neutro também ajuda você a fugir de lugares-comuns, ideias batidas e frases cansadas. Diga: você está levando em conta como seu público realmente pensa ou apenas repetindo uma concepção do seu departamento de vendas ou da sua agência de publicidade?
Importante saber que a linguagem neutra é uma proposta cheia de vertentes. Estou me referindo aqui a uma bem difundida hoje, especialmente em UX Writing e Chatbot Writing, de textos sem “ruídos” de que aquilo foi escrito por/para um homem ou mulher. As propostas mais ousadas, com “e” (“amigues”, "por exemplo) ou “x” (“amigxs”) podem gerar muito ruído na comunicação e chamar mais atenção para a forma do que para o conteúdo. A não ser que você queira realmente se posicionar assim, recomendo explorar alternativas mais fluidas, naturais e imperceptíveis.
Quer algumas ideias?
Se você precisa colocar o(a) no final de uma frase (por exemplo, “amigo(a)”), certamente você pode encontrar outra palavra para usar no lugar.
Evite “abrasileirar” termos que já foram absorvidos em inglês neutro. Para que usar “influenciador” quando dá pra entender o que é um “influencer”?
Corte os artigos. “Os participantes chegaram ao final” pode virar “participantes chegam ao final”, por exemplo.
Sujeitos neutros ajudam muito. Então ao invés de “produtores de conteúdo” você pode usar “conteudistas” e trocar “escritoras” por “pessoas que escrevem”.
O mais importante é você nunca deixar de pensar com quem está falando e tornar essa conversa sempre acessível e natural. Enquanto você tiver coisas novas a aprender, é um ótimo sinal de que a relação com o seu público ainda existe.
Eu sei que tudo isso ainda é ~polêmico, por isso mesmo eu quero saber o que você pensa sobre isso. Me escreve!
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
Toda semana, um gráfico pra você pensar…
Quer saber como as marcas estão usando o conteúdo como parte da estratégia para gerar dinheiro? Dá uma olhada:
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo.
A Rafa Kalimann resolveu explicar a guerra da Ucrânia e…
Bom, não deu muito certo. A Ex-BBB, por razões inexplicáveis, quis colocar seu ângulo sobre um tema extremamente complexo, sensível e em constante desenvolvimento. O público não reagiu bem e o saldo final foi que ela mais desinformou do que ajudou. Uma boa dica para creators, marcas e influencers em geral: quer entrar na conversa do momento mesmo que seja extremamente espinhoso? Vai fundo! Mas não ignore que a melhor e mais certeira maneira de fazer isso é chamando alguém especialista para falar. Dar palco também é criar conteúdo.
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A Meta vai criar um grande tradutor universal…
Que vai funcionar por Inteligência Artificial. A dona de Facebook, Instagram e WhatsApp vislumbra um futuro onde conversar não terá barreiras.
“A habilidade de se comunicar com qualquer pessoa em qualquer idioma — este é um superpoder com o qual as pessoas sonharam desde sempre, e a AI vai entregá-lo para nós”, afirmou Mark Zuckerberg em uma apresentação.
A empresa não revelou um cronograma para isso virar realidade. Mas, por mais distante que pareça, é uma demonstração importante de que o futuro do conteúdo não estará preso a um só idioma. Especialmente em podcasts, vídeos e lives.
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Google vai recusar anúncios sem conteúdo original suficiente…
Faz parte de um pacote de atualizações do Google Ads que busca deixar mais claras as razões para a empresa negar uma publicidade. Entre os diversos exemplos levantados, estão anúncios com páginas de destino que tenham mais propaganda do que conteúdo e sites que “replicam conteúdo de outra fonte sem acrescentar valor na forma de conteúdo original ou funcionalidades adicionais”. Vale lembrar que essas regras já tem um peso significativo para ranqueamento orgânico.
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Quer dicas para escrever um conteúdo com autoridade?…
A Kate Bradley Chernis, fundadora do Lately, deu três dicas bem boas para a Peggy Anne Salz, da Forbes. Vou dar uma resumida, mas vale ver na íntegra:
“Write like a boss”. Evite palavras fracas como “eu acho” ou “eu sinto”, ou que minimizam o impacto e a autoridade da mensagem como “só” ou “dando uma atualizada.”
Evite convidar sua audiência para “dar uma conferida” no seu site ou podcast. Use um CTA de mais propósito e dê razões claras para o público ler, ver ou ouvir mais do seu conteúdo.
Faça para os outros como gostaria que fosse com você. Assim como nós, o público é um grupo ocupado e estressado, eles não gostam de ler e-mails frios ou ver materiais que não são úteis.
Aliás, espero que a RECHEIO desta semana não esteja fria e esteja sendo muito útil pra você! Se não estiver, por favor responda este e-mail me contando!
CAIXA DE FERRAMENTAS
Os sites e aplicativos que salvam a vida de quem produz conteúdo.
Ver o desktop alheio foi um dos “presentes” que pandemia nos trouxe. Seja em uma apresentação no Teams ou um call no Google Meet, ver a tela dos outros virou norma. E as empresas poderiam estar usando isso muito mais à favor, criando vídeos que aproveitem esse formato. Hoje, a melhor ferramenta para fazer isso é o Loom. Ele grava sua tela, câmera e microfone para entregar um formato simples de “vídeo aula”, mas que também pode ser usado em tutoriais e narrativas explicativas. E ainda hospeda em um site de fácil acesso. Bônus: pode ser integrado ao Slack, ao Salesforce e ao Google Workspace. Vale o teste!
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
Em 2013, as operadoras de telefonia móvel AT&T, Verizon, Sprint e T-Mobile queriam fazer uma campanha para as pessoas não usarem o celular enquanto dirigiam. Convidaram o diretor premiado Werner Herzog para ajudar na criação da peça. O que ganharam em troca foi um impactante e belíssimo documentário de 35 minutos, “From One Second To The Next”, que conta a história de pessoas que foram atropeladas por motoristas ao telefone. Porém, o diretor também conta a história com depoimentos das pessoas que estavam ao volante. Um ótimo exemplo do que uma marca pode criar quando realmente se envolve com o propósito que defende.
Obrigado pela leitura!
Esta é a newsletter RECHEIO. Toda quarta-feira, às 07h08, conteúdo que importa direto no seu e-mail.
Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo, além de inovação, tecnologia e memes.
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