RECHEIO — Chega de IA
#️⃣ Edição 100 (!)
Já cansou ver tanta Inteligência Artificial
No feed, no noticiário, no trabalho, nas ferramentas, nos grupos de WhatsApp… Literalmente não dá para abrir a geladeira sem encontrar IA. Eu acho que chegamos no tal ponto de inflexão da curva de expansão da tecnologia. Toda a empolgação com a revolução chegou na etapa de questionarmos quando muita IA é IA demais.
No fim do ano passado, a tradicional campanha da Coca-Cola que deveria encantar famílias em todo o mundo foi feita utilizando IA. E ver todas aquelas pessoas de plástico naquele cenário repleto de detalhes desnecessários e excesso de informação visual deram início a uma discussão válida:
Nem tudo fica melhor com Inteligência Artificial. O fato de que a tecnologia pode ser usada em tudo não significa que ela deva ser utilizada em tudo.
A IA já mostrou todo o seu valor como recurso para ganharmos tempo em tarefas técnicas, processar grandes quantidades de informação de forma precisa e gerar análises técnicas acessíveis para pessoas em geral.
Sabe o que ela não adiciona em nada? Criar perfis de pessoas fake.
Claro que, com o fim das redes sociais como conhecíamos, empresas como a Meta precisam inventar um jeito de manter a atenção do público. Porém, ao criar perfis totalmente em IA que postam, comentam e interagem, a empresa nos mostra que tudo o que ela consegue pensar como próximo passo da revolução iniciada há 20 anos com o Facebook é remover justamente as conexões humanas e transformar tudo em tech.
Acontece que foi o fator humano que nos conectou às redes sociais, nos impulsionou na internet, fez a gente enviar o primeiro email. A tecnologia sempre foi meio, não fim. Entre um ponto e outro, sempre havia pessoas.
Uma pesquisa da YouGov em 17 mercados globais identificou que 55% dos consumidores desanimam quando veem uma publicidade com uso de Inteligência Artificial.
Pense só nisso: é algo que mal chegou em nossas vidas, mas já está desanimando quando vemos.
É um efeito de desconforto, onde as pessoas percebem intimamente que aquilo não é real. Isso acaba afetando tudo: os personagens, os produtos e até a mensagem. A ciência estuda isso há décadas e chama de Vale da Estranheza* — a repulsa que a gente sente quando algo não humano começa a imitar demais o que identificamos como a raiz da nossa humanidade.
Ou seja, a resposta que a humanidade hoje busca para conseguir lidar com o enorme fluxo de informações, a sensação de coisas mudando o tempo todo e a insegurança com o amanhã definitivamente não é acrescentar mais desconforto na mensagem.
Agora mais essa
E no meio de toda essa onda, vem ainda um terremoto com a apresentação da nova versão do DeepSeek, uma ferramenta de IA Generativa criada na China que funciona tão bem quanto o ChatGPT, mas precisou de muito menos investimento, chips e pessoas envolvidas para virar realidade. E ainda por cima é grátis!
Empresas como OpenAI, Nvidia, Meta e Google perderam bilhões de valor com esse acontecimento — não porque a IA ganhou mais ou menos importância do dia para a noite, mas porque descobrimos que a tecnologia utilizada para ela pode ser bem mais simples, barata e acessível. Ela de fato não é um fim, mas um meio.
Muita empresa agora vai questionar se investir em IA é uma estratégia em si.
Minha recomendação é que você faça o mesmo na sua estratégia de conteúdo e marketing. A IA não pode ser quem está guiando o seu carro. Nem o destino da viagem. Melhor é manter esses dois papéis sob olhar humano. A tecnologia é sempre só o combustível.
*Aliás, “Vale da Estranheza” é também o nome de um livro-relato da Anna Wiener sobre sua experiência dentro de startups de tech. Recomendo.
RECEITA SECRETA
Dicas e estratégias que usam por aí
Está com dificuldade de engajar uma base de contatos? Depois de esgotar suas tentativas tradicionais, experimente enviar uma mensagem simples pedindo que o cadastrado execute apenas 1 ação.
A intenção deve ser clara e servir como indicativo de que a pessoa está afim de engajar com suas comunicações. Exemplos:
Uma mensagem com “clique para continuar na lista de ofertas”
Um CTA positivo e outro negativo para deixar a opinião.
Visitar o site para conferir um novo recurso (sem detalhar qual é).
O importante é ser uma mensagem curta (1 ou 2 parágrafos) com uma tarefa simples que indique uma intenção. Esse tipo de ação ajuda a reengajar a base, recuperar a reputação (menos emails indo para o spam) e criam um marcador claro para quem não está mais engajando, permitindo uma limpeza de base.
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
Teste de Reels
Eu falei em testes na edição passada e, olha só, a Meta tem uma nova função para você testar a efetividade do seu Reels com não seguidores antes de publicar para todo mundo. A função foi liberada no fim do ano passado e funciona de forma bem simples. No fluxo de publicação do vídeo, basta marcar o campo “teste”. Ele só será visto por você e por não seguidores. Após 24h, a distribuição é interrompida para você medir os resultados e decidir se quer compartilhar com sua base. Uma ótima maneira de testar novos formatos e conteúdos sem mexer na fórmula que dá certo atualmente. Vale muito usar!
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Carreira no mkt
O LinkedIn fez um recorte de sua pesquisa anual de expectativas profissionais com foco nos marketeiros. Com isso, saiu uma listinha direto ao ponto com as principais preocupações no desenvolvimento profissional na opinião do mercado:
Desenvolva habilidades variadas (técnicas e humanas)
Upskilling (continuar aprendendo coisas novas sempre)
Criar ambientes colaborativos
E a grande habilidade para o ano: resolução coletiva de problemas
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Hora do trabalho
Sim, tem estudo da Buffer novo apontando qual o melhor momento para postar no LinkedIn atualmente. E continua sendo durante a semana, no horário comercial (quem diria). A análise interessante é que antes o pico de audiência era mais concentrado durante as manhãs, e agora ele está mais distribuído durante o dia todo. Para atrair engajamento, o melhor período é das 7h às 16h. E os vídeos têm crescido muito no resultado, mas ainda ficam atrás dos carrosséis.
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se liga aqui nesse exemplão de conteúdo.
A Netflix tem um blog de tech. E isso me surpreendeu, mesmo eu já tendo analisado várias outras iniciativas de conteúdo de marketing da empresa. Neste caso, a estratégia é realmente se posicionar como desenvolvedora de soluções e inovação em tecnologia. Os posts são de análises de como o algoritmo define a exibição de títulos, uso eficiente de cloud e até fluxos de desenvolvimento. É coisa hard, mesmo! E a maior prova da seriedade da coisa é que o blog é sediado no Medium, que já se tornou plataforma oficial de conhecimento tech. Certeza que a iniciativa ajuda no posicionamento da marca e desenvolvimento e atração de talentos, o tal employer branding.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Guia completo para estratégia de chatbots [Sprout]
• Grandes apostas para 2025 [Ana Couto]
Obrigado pela leitura!
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Por Alberto Cataldi, diretor de marketing de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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Até a próxima!