RECHEIO — Conteúdo Sintético
#️⃣ Edição 92
Faz tempo que você não acessa o Facebook?
A rede social que deu início à Era das Redes Sociais anda meio esquecida pelo marketing das empresas brasileiras. Mesmo ela ainda sendo a maior plataforma do gênero, com mais de 3 bilhões de usuários mensais ativos.
No mês passado, por exemplo, o app sofreu uma falha de carregamento. Na tentativa de atualizar seus aplicativos para ver se ele voltava a funcionar, os usuários colocaram o Facebook no topo da lista dos mais baixados do mundo: foram mais de 59 milhões de downloads — 13 milhões a mais do que o TikTok.
Tem muita gente lá. Por isso é importante considerar que o FB não é apenas uma janela para o passado da internet. Pelo contrário, ele é uma visão clara do que a internet pode se tornar. E o que tem acontecido é o seguinte…
Basta rodar o feed algumas vezes. São fotos de amigos e parentes, seguidos de vídeos de corte de podcasts, pegadinhas ou vídeos de bichinhos. Não demora muito para um padrão de post muito específico surgir.
E todos são basicamente assim:
Imagens feitas por Inteligência Artificial e publicadas sem nenhum tipo de selo ou indicação de serem fake.
As páginas que postam são genéricas, criadas aparentemente com o único objetivo de gerar engajamento na base de centenas de milhares de usuários. Nesse exemplo aí de cima, são mais de 398 mil likes em menos de 3 dias. Mas tem algumas que chegaram a 1 milhão.
Há uma tendência também das imagens sempre envolverem crianças aparentemente pobres e temas religiosos. As legendas falam para curtir como forma de incentivar a arte que a criança fez. Mas existem diversas variações.
Com isso, muitas e muitas pessoas curtem e comentam sem fazer ideia de que há uma rede imensa de contas robóticas criando conteúdos como este.
É uma prévia bem desconfortável do que a internet está virando.
O avanço das ferramentas de IA está rápido demais para que as plataformas consigam agir e evitar mensagens enganosas ou, simplesmente, milhões e milhões de conteúdos de baixa qualidade floodando nossas telas.
Conteúdo Sintético
Subindo um vídeo no YouTube esta semana eu me deparei com uma mensagem nova, que pede para o usuário indicar se o conteúdo foi alterado artificialmente. Seja para fazer uma pessoa falar ou agir de uma forma que não foi real, alterar um evento que aconteceu ou gerar uma cena realista que não aconteceu.
Uma preocupação em indicar os tais de “conteúdos sintéticos” e deixar com mais clareza para quem assiste que aquilo não é de verdade.
Mas… E se eu não preencher? E se as pessoas que querem usar IA para enganar o público só, enfim, mentirem?
Está bem claro que as empresas de mídia não estão equipadas para lidar com as consequências. Mais do que isso, os algoritmos desenvolvidos por elas para entregar em grande volume e precisão mais dos conteúdos que as pessoas engajam acaba virando uma arma.
Basta comentar ou dar um like em uma foto dessas para que seu Facebook ou YouTube vire um mar de conteúdos sintéticos. Alguns deles tentando aplicar golpes em você.
Já entramos oficialmente em uma nova fase do conteúdo da Internet. E rápido.
A Era do Conteúdo Sintético mostra uma tecnologia amplamente utilizada para tirar proveito das regras que as próprias plataformas criaram para gerar alcance e resultado. Facebook, YouTube, Google, TikTok… todas são alvo.
Aquilo que deveria ser um trabalho de dedicação e recorrência para humanos agora pode ser executado em segundos e em grande volume. Não fomos feitos para produzir assim, nem para consumir assim.
O que podemos acabar vendo é um afastamento ainda maior das pessoas dessas plataformas e redes. Cada vez mais, preferindo se aproximar de pequenos grupos e criar relacionamentos mais diretos e íntimos.
Talvez não vá demorar muito para essa onda de absolutamente tudo ser feito por IA se tornar cansativa e passar. Até lá, vamos conviver nessa realidade estranha onde parece que somos só espectadores de uma Internet feita por robôs… para robôs.
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Toda área de marketing é uma pastelaria, né? Mas eu quero ajudar você a fazer deliciosos pastéis recheados, e não os pastéis de vento que muita marca faz por aí.
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RECHEADA DE INFORMAÇÃO
Enquanto Elon Musk gasta tempo brigando com a justiça brasileira…
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
A migração vem aí
As pessoas e empresas estão desembarcando do Twitter (X) praticamente desde o dia em que o Elon Musk comprou a plataforma e começou a transformá-la em um hub de tudo o que pode dar errado. Aparentemente, a nova possibilidade do app ser bloqueado no Brasil levou a um êxodo em massa de brasileiros para a Bluesky, a rede social que é cópia carbono da outra rede. Na terça desta semana, o português chegou a ser o idioma mais usado por lá, ultrapassando 400 mil posts. Não dá para saber se é uma onda que vai se manter, mas é um sinal de que o engajamento que antes vinha de tweets vai começar a se diluir para outros sites.
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Em alta no YouTube
O Hootsuite atualizou seu guia de dicas para ter mais alcance no YouTube. Com as recentes mudanças na plataforma, realmente ficou mais complexo equilibrar todos os pratos que ajudam a ter resultados. Então aqui tem o Top 10:
Pesquise e use palavras-chave
Crie thumbs muito clicáveis
Mantenha as pessoas engajadas com seus outros vídeos
Atraia views de diversas fontes (como social media, por exemplo)
Engaje e comente em outros canais
Crie conteúdos para o que está em alta
Experimente formatos e conteúdos novos
Não faça apenas vídeos longos, mas bons
Faça Shorts!
Garanta que seus vídeos tenham acessibilidade
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Game + conteúdo
Edição passada eu falei como o NYT estava tendo mais engajamento de seus assinantes com os games do que as notícias do app. Seriam os jogos o futuro das empresas de mídia? O sinal só cresce, agora que a Apple começou a testar um joguinho de palavras muito similar em seu app de notícias. Essa onda começou durante a pandemia, mas parece ter sido uma que se sustentou desde então, e realmente tem entrado na rotina de inscritos e assinantes de serviços de conteúdo. Eu não sei você, mas vou testar na estratégia também.
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Com tudo no LinkedIn
O Social Insider estudou milhares de posts feitos no LinkedIn entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023 para determinar quais tipos de conteúdos geram mais compartilhamentos, impressões e engajamento. O resultado é uma lista com os principais fatores para gerar esses resultados:
Posts com muitas fotos geram mais engajamento.
Vídeos têm mais chances de compartilhamento.
Enquetes ampliam o alcance do perfil.
A combinação de frases curtas e múltiplas imagens engajam bastante.
Posts de funcionários ajudam a ampliar o alcance das páginas das empresas.
Posts com links externos têm performance baixa em geral.
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Dá negócio?
Um boato vem agitando MUITO o mercado: a possível compra do Hubspot pela Alphabet, dona do Google. Segundo a Reuters, o negócio é quente e já está na fase de negociação, o que poderia tornar essa a maior aquisição já feita pela empresa tech. Hoje, o HB é avaliado em US$ 35 bilhões de valor de mercado, conta com mais de 7.600 funcionários e concentra mais de 37% do mercado de automação de marketing. Diferente da Microsoft, a Alphabet sempre teve dificuldades em ganhar o mercado corporativo, mesmo com o crescimento do uso de suas ferramentas na pandemia. Uma aquisição dessa certamente muda o cenário — isso se for aprovada pelo governo dos EUA.
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
Rodou a internet esta semana a notícia de que a cantora Billie Eilish adicionou seus mais de 100 milhões de seguidores na lista de Close Friends no Instagram. Com isso, ela entregou prévias de seu novo álbum em um clima intimista e passou a sensação de que estava em contato direto com os fãs. Eu particularmente acho que tem muito papo de PR aumentando essa história, mas é fato que as menções ao nome da cantora e ao recurso do Insta tiveram pico de buscas na última semana (imagem abaixo). Além disso, ela ganhou mais 6 milhões de seguidores em 24 horas. Todos números imensos, mas que são difíceis de traduzir em ganhos práticos. Como em qualquer campanha, vamos precisar ver os números lá no final para ver se valeu a pena — o investimento certamente foi muito baixo.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Por que não estamos mais postando? [One Thing]
• Como o banimento do TikTok pode afetar o mercado dos EUA [The Wall Street Journal]
Obrigado pela leitura!
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Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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