RECHEIO — Falem bem ou...
#️⃣ Edição 86
Falem bem ou falem mal?
A internet é tão cheia de conteúdo de todos os tipos que mais parece uma guerra de atenção. E quando tem uma batalha acontecendo, a única regra que vale é sobreviver. Não importam os meios, só os fins. Certo?
Ganha mais relevância (alcance, views, audiência) quem chama mais atenção. E é mais difícil fazer isso estando bem no meio do barulho, repetindo aquilo que todo mundo já faz. Ao se afastar do lugar onde já existe muito conteúdo e opinião sendo publicados, você tem mais chance de se destacar e ganhar o olhar das pessoas.
Sabe onde fica?
Nos extremos
Enquanto todo mundo está se aglomerando no centro do palco, algumas pessoas e marcas optam por ir para as laterais, onde conseguem se destacar da bagunça e ainda adotar um discurso distanciado.
Ali, eles formam uma audiência polarizada. Um público que passa a engajar justamente porque enxergam alguém que está disposto a mostrar “como as coisas realmente são”.
Quanto mais essa polarização atrai audiência, mais autoridade é gerada. O engajamento nesses conteúdos polarizadores se converte no chamado Klout.
O termo nasceu de um site que media a influência de perfis de redes sociais, mas hoje representa a capacidade de uma pessoa (ou marca) gerar relevância para sua própria audiência e reforçar a sua autoridade em um tema.
O uso da polarização para ganho de relevância tem se tornado uma ferramenta sistemática para crescimento acelerado de alguns perfis online. Basicamente, quanto mais polêmico, mais rápido vai ser o caminho para a relevância. E eles podem tirar proveito de qualquer oportunidade para fazer isso acontecer.
E por isso você precisa ter atenção.
Você viu a campanha do Burger King com o Kid Bengala?
Pois é, muita gente ficou revoltada com a união entre uma marca de família e um astro de filmes adultos. Mas não é isso que importa pra gente. A ação do BK foi usada como combustível na fogueira do Klout. Perfis aproveitaram a propaganda para reforçar suas posições, taxarem a campanha de baixaria e ganharem autoridade nessa internet polarizada.
Vale apontar que o próprio Burger King tenta surfar nessa onda sempre que cria ações exclusivas para a web que têm a clara intenção de polemizar.
Navegar nos ventos do polemismo e do Klout é uma tática do “falem bem ou falem mal”, mas que é arriscada em muitos níveis.
Quando todo mundo começa a se mover mais para os extremos, mais difícil fica chamar atenção lá. A solução é… isso mesmo, ir ainda mais para os extremos.
E se você tem visto muitos cortes de vídeos de palestras do Pablo Marçal deve saber do que eu estou falando.
Ele é o melhor exemplo hoje de como apenas que já está nos extremos consegue navegar com sucesso na onda do “falem bem ou falem mal”. Afinal, a intenção é reforçar a própria relevância para um público que já habita o limite do discurso.
Chamar atenção ali não é um risco, mas um benefício.
Numa internet cada vez mais fragmentada, isso pode ser o último recurso para os grandes influenciadores sobreviverem uns meses mais, antes de perder a relevância de vez.
Hoje em dia, está cada vez mais difícil saber como navegar nas trends e arriscar sem cair em algum campo minado. Por isso eu tenho recomendado: evite criar estratégias que dependam demais de temas em alta. É a melhor maneira de prevenir que seu conteúdo seja apropriado por algum discurso polemista.
E se sua marca acabar envolvida num caso de geração de Klout alheio, avalie o tamanho da repercussão. Se for para além da sua bolha, arquive os conteúdos e espere a poeira baixar. Se realmente impactar seu público, peça desculpas e transforme em conversa.
Entre o fale bem ou fale mal, opte sempre por conversar com o seu público.
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
Olha que interessante, esse gráfico mostra a proporção de pessoas que compraram algum produto diretamente em alguma rede social. Os dados são de uma pesquisa feita em 18 países (nenhum deles da América Latina) e demonstram que, para quase todas as gerações, a experiência de compra online em canais sociais já é maioria.
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
O fim do cinema? (ainda não)
As redes sociais foram invadidas na última semana por imagens lindas de cinema feitas por Inteligência Artificial. É a divulgação da Sora, a nova tecnologia da OpenAi que transforma prompts de textos em vídeos. Ela ainda não está disponível para o público geral, mas a qualidade impressiona. Embora muita gente já tenha notado que o padrão parece ser sempre o mesmo (imagens em slow motion e com câmera em movimento único), é um sinal do quanto a tecnologia pode evoluir nos próximos anos (há 1 ano, os vídeos de IA pareciam com isso). Já é hora de largar sua equipe de vídeo e investir 100% em robôs? Por favor, não faça isso. Mas criar produções de qualidade com baixo custo acaba de ficar mais possível. Resta só saber se a OpenAI está se preocupando com os usos que podem (e vão) ser feitos com uma tecnologia como essa…
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Conheça o Google
Você sabe como funciona a busca do Google? Eu quero dizer, você REALMENTE sabe?… O Search Central conta para você em uma nova série de vídeos onde detalha a história e os pormenores técnicos da ferramenta de procura mais usada no mundo. Os próximos episódios serão divulgados nas próximas semanas, vale se inscrever no canal para não perder.
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Um guia para quem cria
O TikTok lançou um guia bem legal e útil para criação de criativos (sic) na plataforma. Voltado para pequenos e médios negócios, ele passa mesmo por todas as fases, desde a ideação até o target, entrando inclusive no uso do CapCut. Uma boa maneira de aprender os passos básicos para pensar no público e otimizar os resultados.
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Conteúdo colorido
Saiu a paleta de cores trends para o ano 2024 de acordo com o Pinterest. É um relatório bem confiável, afinal ele é feito a partir das preferências dos próprios usuários e das buscas na plataforma, que depois são avaliadas por especialistas e relacionadas a tendências do mundo da moda, design e cultura em geral. A lista das cores principais para 2024 são (nem me atrevo a traduzir):
Gummy Pink
Desert Orange
Aqua Blue
Moss Green
Mocha Brown
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
Eu sou da geração mídia impressa, então sempre adoro cases de conteúdo em formato revista. E para provar que elas podem funcionar em qualquer tema ou setor, o exemplão de hoje é uma publicação sobre inovação da Dell. A Realize Magazine reúne tendências e histórias com foco em inspirar a juventude (e, claro, a usar produtos Dell). O visual é bem proprietário, não tem aquela cara corporativa entediante das demais comunicações da marca, e o uso de motion graphics, fotos e ilustrações é bem legal. Dá até vontade de ter uma na mesa de centro de casa.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Entrevista do Zuckerberg onde ele fala de Apple Vision Pro e IA [Morning Brew]
• A história e importância para web do arquivo robots.txt [The Verge]
Obrigado pela leitura!
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Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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