RECHEIO — Mulheres no comando
#️⃣ Edição 90
A relevância de uma marca é determinada pelas mulheres.
Pense nas tendências do momento, nos conteúdos que viralizam, nos posts que repercutem. Isso só chegou até você por efeito direto do engajamento e influência que as mulheres exercem na Internet.
E sua marca deveria estar prestando mais atenção nisso.
O case recente de como a Stanley ganhou uma imensa relevância no mercado graças a um post feito por uma cliente após seu carro pegar fogo chamou atenção de várias formas.
Mas, como um artigo recente da The Current mostrou, a lição mesmo é como a marca soube se transformar para atrair mais público feminino para os seus produtos muito antes do momento viral acontecer.
Afinal, a Stanley era conhecida por seus copos e canecas para acampamento e viagens a lugares inóspitos. O foco era no público masculino e as mulheres eram consequência.
Mas devia ser o contrário. As mulheres é que têm o poder de criar uma tendência e espalhar o interesse. E assim, a Stanley subiu em popularidade.
E outros exemplos estão aí na nossa cara. Você acha que a Taylor Swift teria um impacto econômico de mais de US$ 1 bilhão na economia global se não fosse por suas fãs majoritariamente mulheres?
O segredo para ver esse potencial está, como sempre, no comportamento.
Os dados brutos das redes sociais apontam sempre um equilíbrio entre usuários homens e mulheres. Algumas vezes, os homens até estão em maior volume. Mas dados mais granulares, como da pesquisa mais recente da PEW Research, mostram que uma plataforma só pode ser considerada ativa e pulsante se mulheres interagem por lá.
No TikTok, por exemplo — que teve um aumento de 12% em seu uso nos EUA nos últimos 2 anos — as mulheres têm maiores taxas de uso do que os homens: 40% ante 25%. Conteúdos e hashtags com mais interação feminina também são predominantes.
E no Instagram? 54% das mulheres dos EUA também declaram usar a plataforma, contra 39% dos homens.
O padrão se repete em praticamente todas as mídias sociais, com exceção de YouTube e LinkedIn, onde há bastante equilíbrio, e nas plataformas com presença mais masculina Twitter X (que está morrendo) e Reddit.
E toda essa presença e influência trazem o dinheiro.
Dificilmente uma marca bem sucedida em ações com influencers não está priorizando creators mulheres ou que tenham um público predominantemente feminino. O mercado de influencers e de conteúdo criado por usuário segue majoritariamente ocupado por mulheres, com 70% de share.
E o que me chamou mesmo atenção para este tema foi o movimento recente de influencers de moda começando a migrar para ferramentas de newsletters como Substack para poder encontrar e fazer conteúdo sem serem afetadas por algoritmos.
A tendência de se afastar de plataformas movidas por robôs e começar a consumir conteúdos em espaços com mais curadoria humana e olhar pessoal já vem crescendo há alguns meses. Mas com influencers de moda feminina embarcando nesse trem, o dinheiro já está começando a acompanhar e mostrando que o comportamento tende a acelerar.
As mulheres criam a influência que estabelecem novos comportamentos, geram relações de confiança com o público e espalham tudo isso de maneira ampla e engajável. E tudo isso funciona muito bem pelo menos desde os anos 60.
Então se o seu conteúdo não está funcionando para o público feminino, não adianta lutar contra a realidade, ele não vai ter a relevância que precisa. Mesmo que sua marca seja para produtos masculinos, afinal, até as decisões dos homens é principalmente influenciada por mulheres.
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
TÁ QUENTINHO
VÁRIAS rapidinhas com as principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
As fotos de ontem ficaram ótimas
Marissa Mayer, ex-CEO do Yahoo, lançou um novo app de fotos, Shine. Aguardadíssimo no Vale do Silício, o aplicativo chegou e chocou, mas não pela inovação. Ele tem uma cara meio… ultrapassada? O foco do app é compartilhar aquelas fotos que a gente tira em grupo, mas ninguém lembra de enviar para todo mundo. Ou seja, o visual é velho e a função é a mesma que o WhatsApp já cumpre bem. Não sei se vai ser sucesso (duvido), mas é mais um app reforçando a tendência de priorizar fotos ao invés de vídeos, conexões pessoais e nada de algoritmos.
—
Não delete!
Um Product Lead do YouTube fez um post orientando que usuários não apaguem vídeos de seus canais “a não ser que tenham uma razão muito, muito boa”. Segundo ele, o efeito de deletar é “cortar sua conexão com quem viu aquele vídeo”, o que vai impactar o ranqueamento do seu canal. A melhor alternativa, segundo ele, é deixar como não listado — mas isso também tem um efeito ruim no alcance do canal.
—
Na hora certa
Ainda falando de YT, Rene Ritchie, da plataforma, deu algumas orientações sobre como maximizar o alcance a partir da hora de postagem. Basicamente, se você está postando sobre notícia ou trends, publique assim que possível. Conteúdos evergreen podem ir em qualquer horário, mas o alcance é menor quando você posta fora dos picos com mais usuários ativos — embora, em alguns meses, os views acabem se equilibrando. Na hora das lives, faça quando seu analytics mostrar que a maioria do seu público está online. Tudo parece meio óbvio, eu sei, mas é sempre bom reforçar.
—
#Hashtags
O Instagram fez um update para dar maior importância (finalmente) às hashtags na busca. Agora, é possível segui-las e receber conteúdo delas no feed. Além disso, elas ficaram clicáveis e entregam resultados dentro do mesmo termo. Deve ampliar bastante o alcance dos posts para quem souber usar, mas o efeito TikTok é certo: nem todo alcance vai resultar em novos seguidores. No longo prazo, pode acabar até diminuindo a entrada de followers e priorizar a navegação de pessoas que dão like, mas não convertem. Fique de olho.
—
Adobe Canva?
Ferramenta de design favorita de 11 em cada 10 marketeiros, o Canva, anunciou a aquisição da Affinity, uma empresa que oferece aplicativos de foto, design e publicações para desktop. O objetivo é bem claro: oferecer uma suite mais completa que possa competir com a Adobe como uma opção mais “séria” para profissionais do design que usam Illustrator e inDesign.
—
Adobe IA
Por outro lado, a Adobe revelou em sua conferência anual mais um montão de recursos de Inteligência Artificial em suas ferramentas. A novidade mais legal até agora é o GenStudio, um hub que centraliza todo o processo de criação de campanhas, com direito a diferentes tamanhos de peças já otimizadas para as plataformas. Junte isso aos fluxos de aprendizado sobre o que funciona ou não em um ad e sua vida deve ficar muito mais fácil.
—
Brigando com a IA
Segundo um novo estudo da empresa se software de e-commerce Authoritas, a versão do Google com resultados fornecidos por IA (Search Generative Experience) afeta drasticamente a visibilidade das marcas nos resultados de busca. Pra você ter uma ideia, 62% dos links fornecidos pelo chat de IA não são de páginas do Top 10 de resultados orgânicos. A visibilidade dos primeiros resultados também fica bastante comprometida, caindo, em média, 1.200 pixels no scroll para dar espaço às respostas do chatbot. Hoje, para quem já tem a opção de resultados do IA ativados no Google, a opção com resultados do SGE já aparece para 91,4% das buscas.
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
Com mais de 24 milhões de curtidas em seus vídeos, a Crocs é um sucesso no TikTok. Ao contrário de outras marcas, que apostaram em conteúdos nonsense ou baseados em personagens (aham, Duolingo), a estratégia da marca de calçados é bem básica: conteúdos divertidos com foco no produto. Tem bastante post em parceria com creators, além de material feito pelo público que a marca reposta (belíssimo exemplo de UGC). O que mantém tudo com personalidade? O posicionamento de uma marca engraçada, leve, casual e empolgada. Um ótimo exemplo de quando o conteúdo consegue envolver produto sem virar propaganda.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Como criar uma estratégia de social em 9 passos [Hootsuite]
• O IPO do Reddit é uma história de sucesso de moderação de conteúdo [The New York Times]
• Como a palavra “viral” perdeu o significado [The Washington Post]
Obrigado pela leitura!
Esta é a newsletter RECHEIO. Toda quinta-feira, às 07h08, conteúdo que importa direto no seu e-mail.
Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
Quero saber o que achou! É só responder este email. Mande elogios, dúvidas e críticas.
Até a próxima!