RECHEIO — Fazendo acontecer
#️⃣ Edição 93
Como tirar um projeto de conteúdo do chão?
Seja no começo de um novo trabalho ou simplesmente planejando para onde a estratégia da marca vai, criar um novo projeto é parte natural da rotina de quem faz conteúdo.
Sabe o que também faz parte? A incerteza.
São muitas informações para absorver, um objetivo meio distante e difícil de medir e uma expectativa alta de que as coisas aconteçam logo.
Eu desenvolvi um sistema que me ajuda a guiar quanto de esforço, tempo e recursos são necessários ao longo dessa jornada. Seja podcast, blog, campanha nova, canal de social, etc.
O importante é que seja um projeto longo e consistente, que vai começar dando (bastante) trabalho agora, mas que depois poderá se tornar contínuo e exigir menos esforço.
O desenho é esse:
No eixo vertical, a quantidade de recursos que você vai precisar empregar e o volume de conteúdo que será produzido. Quanto mais recursos, mais volume.
No eixo horizontal, o tempo dedicado (e passando…).
De cara já dá para perceber que nem toda etapa exige o mesmo tempo. Por isso mesmo, saber cadenciar quanto de recursos e volume você precisa é parte do segredo dessa receita. Etapas que exigem mais tempo — como o planejamento, por exemplo — devem exigir poucas pessoas e pouco investimento para acontecer.
Mas vamos por partes:
A
É aqui que todo mundo começa. A etapa de transformar um objetivo em projeto. Aumentar a audiência orgânica pode se tornar um projeto de blog. Ter mais reconhecimento de marca pode gerar um perfil de Instagram. Autoridade? Um podcast.
O importante nesta etapa é traduzir o objetivo em uma estratégia e essa estratégia em um plano tático. O ideal é que tudo comece e fique em você o máximo possível. Só envolva outras pessoas para que elas alimentem informações e dados pontualmente. Não busque opiniões agora.
Você deve caminhar em direção ao ponto B progressivamente envolvendo outras pessoas e ampliando o que deve ser entregue, chegando lá com: lista de entregáveis, prazos, fluxo de produção, pessoas a envolver e expectativa de resultado.
B
Aqui é a hora de dedicar recursos e pessoas. Mas não todo mundo. Apenas quem for necessário para produzir e validar a primeira versão (ou piloto) do projeto.
O foco aqui é matriciar, cadenciar e metrificar. Ou seja, validar se o que foi planejado pode de fato virar um projeto contínuo.
Essa é a hora em que a complexidade aumenta, uma vez que você começa a lidar com a exequibilidade do plano dentro do prazo e dos recursos disponíveis.
É também aqui que os projetos frequentemente dão errado. Tem pessoas que só focam no “fazer acontecer”. O resultado? Você acaba com 1 ou 2 episódios de podcast na mão e depois fica impossível continuar fazendo, por exemplo.
Enquanto um MVP é sobre o mínimo necessário para ter um entregável final, um piloto busca reproduzir as condições reais de execução de um projeto continuamente. O MVP foca em ter o produto final, o piloto foca em garantir a execução.
Nesta fase, você precisa garantir que o tempo gasto para a produção seja bem menor do que o que gastou planejando. O volume que será produzido também deve ser menor do que o planejado. Ou seja, planeje mais do que o necessário (10 episódios para gravar 1 ou então 10 posts para produzir 3). Isso vai te dar um modelo com condições de ser repetido com poucos recursos e pouco tempo.
C
Aqui é o segundo lugar onde os projetos morrem ou perdem qualidade. Já que deu para executar com menos recursos e tempo do que o planejado… é só sair fazendo, certo?
Não. Agora é hora de dedicar mais recursos para conseguir produzir em maior volume sem perder a qualidade.
Ao começar a produzir, publicar e pedir continuamente, você fará ajustes no aprendizado. Isso acontece em tempo real, até chegar o momento em que não há mais nada que vá transformar drasticamente o projeto. Você está dedicando todos os recursos possíveis e produzindo o volume necessário. Chegou ao ponto D.
D
Torne o projeto contínuo. Ele deve rodar sem preocupações e permitir otimizações frequentes, mas sem exigir um novo fluxo de planejamento. Todo mundo que está envolvido sabe seu papel. Produzir, medir e melhorar precisam fazer parte da rotina e nunca exigir mais recursos. Menos? Só se houver necessidade real de corte de custos, mas você precisa sempre aceitar alguma perda: volume, qualidade ou tempo.
Comemore, respire fundo e tudo certo. Logo depois vem sabe o que? Isso mesmo, o próximo projeto.
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
O ranking do Google continua ruim…
Se ainda não ficou claro como está feia a situação da queda de qualidade dos resultados do Google depois que vários sites começaram a usar Inteligência Artificial para ranquear… O The Verge criou um exemplo muito prático ao publicar um review falso de uma impressora usando texto gerado pelo Google Gemini. O conteúdo é horrível, cheio de repetições e com zero informações. Segundo as documentações e declarações do Google, o algoritmo não deixaria páginas assim entrarem no ranking. Porém, o texto está atualmente na primeira posição da busca por “best printer 2024”. Isso pode ter acontecido por efeito do texto ter viralizado após divulgação do próprio site. Ainda assim, o Google deveria cuidar de tirar textos claramente caça-cliques dos resultados, o que não vem acontecendo…
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Melhor horário no YouTube
A análise de mais de 1 milhão de vídeos deu origem a uma definição de qual o melhor horário para postar no YouTube, segundo o pessoal da Buffer. Lembrando que recentemente o próprio time do YT deu algumas dicas em relação a isso. Bem, segundo o novo levantamento, o pico de engajamento na plataforma acontece entre 15h-16h às sextas-feiras. É o período em que as pessoas ficam mais tempo online por lá. Outros horários também aparecem com algum destaque, como às 18h da quinta e 14h da terça. Por dia da semana, a lista é essa:
Segunda: 17h
Terça: 14h
Quarta: 9h
Quinta: 18h
Sexta: 15h
Sábado: 16h
Domingo: 11h
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Influencer virtual, conteúdo virtual
Tem uma corrida acontecendo entre as plataformas para a criação de ferramentas de de influencers virtuais. O recurso começou a ser usado por algumas marcas em 2023, mas parece que está acelerando agora que muitos marqueteiros viram a vantagem de criar campanhas com esses avatares. O TikTok tem oferecido a opção para alguns clientes, já contando com conteúdos gerados com Inteligência Artificial. Ou seja, o influencer não existe e o que ele fala é criado por robôs. Tem muita gente com receio de como isso pode impactar as campanhas, e por isso mesmo a plataforma está acompanhando esses testes de perto. Instagram e YouTube já tem programas similares rodando também. É um jeito de oficializar (e talvez arrumar) uma tendência que já vem sendo usada há algum tempo por pessoas mal intencionadas....
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Chegou o TikTok de fotos
A expectativa era alta e agora se concretizou. O TikTok lançou seu app voltado para conteúdos estáticos. TikTok Notes é o nome do rival do Insta e está disponível para download apenas para iPhone e em alguns países (Austrália e Canadá, enquanto escrevo este texto). Primeiros reports dão conta de uma experiência bem diferente, com um grid de fotos de duas colunas (meio Pinterest) e possibilidade de fazer posts apenas de texto (meio Threads). As funcionalidades parecem bem básicas, com likes e comentários, provavelmente por tudo agora ser uma grande fase de testes para saber o que vai gerar mais engajamento (e dados). E não se preocupe em correr para reservar seu @ lá: quem cria um cadastro consegue garantir o mesmo username do TikTok.
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
O case de hoje não é de uma marca, nem de um post, mas de um cargo. Chief TikTok Officer é o papel que algumas empresas criaram para pessoas que se tornam a persona oficial delas na plataforma de vídeos. Quem inaugurou o cargo foi a marca de brinquedos Nerf com a Sophie Lightning, que se tornou tão famosa que acabou até indo para outra empresa com o mesmo cargo, a Made By Gather. O cargo é coisa séria? Claro que não, mas é uma forma de mostrar compromisso com a produção de conteúdo focada no canal e também garantir que a estratégia não vai se perder entre as prioridades de outras pessoas. Seja TikTok, YouTube ou até WhatsApp, vale a pena ter alguém de Chefe do canal quando o foco é fazer acontecer.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Como lidar com o burnout de ser social media [Zaria Parvez]
• Este YouTuber chamou o AI pin de pior produto que ele já testou [Marques Brownlee]
Obrigado pela leitura!
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Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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