RECHEIO — Marca não é gente
#️⃣ Edição 84
Marca não é gente
Eu não tenho nenhum problema com marcas terem personas. E sei que muita gente no marketing (e fora dele) acha perda de tempo. Mas a definição de uma persona vai além de personificar a empresa. Ela cria uma forma prática e tangível de estabelecer uma maneira de se comunicar, de se posicionar e até mesmo de reagir a eventos do mundo.
Porém, marcas não são pessoas.
Todo ano, quando chega o BBB, um comportamento frequente das empresas acaba multiplicado por mil.
São posts surfando em acontecimentos do programa, o que acaba gerando interações de outras marcas e criando um ciclo quase infinito de respostas, comentários e likes de marcas com marcas.
Quando eu vejo alguma matéria com “... e marcas entram na onda” eu já tenho calafrios.
Parece até aquele vídeo de duas Alexas conversando entre si.
Esse comportamento tem origem clara na maneira como as agências trabalham o engajamento. Ao criar interações entre marcas, elas potencializam o alcance e a relevância dos posts. Como se fosse uma espécie de autoridade concedida de uma entidade para outra. Mas é tudo artificial demais e distante do que entendemos como engajamento humano.
Perdeu a graça quando as marcas viraram a tia chata que invade as conversas dos jovens.
Hoje a melhor maneira de humanizar uma marca é… colocar pessoas pra fazer. Personifique na equipe, traga mascotes para interagir com o time, construa personagens que vão além da marca.
Marcas não são pessoas. Mas elas precisam saber conversar.
O Duolingo continua sendo um perfil imbatível nas redes não (só) porque a corujinha verde é muito doida, mas porque a Zaria Parvez, hoje Social Media Global da marca, decidiu usar uma fantasia que estava lá encostada no canto do escritório para interagir com as pessoas da empresa e com o público. Era trazer o humano para a marca, não o contrário.
Olha só o que rolou com a Stone depois da social media beeem humana dela postar seus stories pessoais sem querer na conta da empresa. O público reagiu de maneira natural e verdadeira pois identificou que havia algo real ali. Não uma campanha, nem uma interação planejada durante semanas por uma agência.
A Stone se apropriou da história e agora, se for inteligente, vai abrir caminho para mais pessoas darem as caras nos seus canais, humanizarem a relação com o público e assumir protagonismo nas publicações.
Foi natural, foi verdadeiro, foi espontâneo, foi… humano.
Mesmo que um monte de marca tenha ido lá depois encher os comentários do post. Enfim, seja mais como a social media da Stone e menos como as marcas que interagiram com a Stone.
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
De olho na IA
Eu falei bastante na edição passada da RECHEIO sobre os riscos dos conteúdos feitos com IA. Acho que os executivos da Meta concordam comigo. A empresa anunciou que passará a indicar quando imagens criadas com Inteligência Artificial forem publicadas no Facebook, Instagram e Threads. Serão vários tipos de tags visíveis no post, além de metatags no código dos arquivos. Mudanças nos Termos de Serviço também obrigarão os usuários a indicar quando publicações forem feitas com recursos artificiais. As implementações virão ao longo dos próximos 12 meses, acompanhando movimentos muito similares já iniciados por Adobe, Google e Microsoft.
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YouTubeCast
Ótima novidade para quem usa (ou evitava usar) o YouTube para publicar seus podcasts de áudio. Agora a plataforma passa a contar com integração em RSS, ou seja, se você usa outros serviços para publicar seus episódios (como Spotify ou Apple, por exemplo), os arquivos podem ser automaticamente publicados no YT também. A sincronização acontece dentro do YouTube Studio e libera as demais funções de edição. Lembrando que isso também disponibiliza o programa no YouTube Music, um serviço com mais de 80 milhões de usuários no Brasil. A página de ajuda do Google já está atualizada com o passo a passo.
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Tendência Influencer
Se você quer ficar por dentro das principais tendências do mundo de influencers, mas não quer ler mais de 50 listas a respeito, vem comigo. O cofundador de uma agência do setor fez um texto resumindo os principais pontos do mercado de influência em 13 principais tendências para o ano. Vale ler o post completo, vários deles eu já havia destacado na RECHEIO. A lista:
Inteligência Artificial e influencers de IA
Micro influencers em alta
Parcerias sustentáveis ao invés de projetos limitados
Conteúdo autêntico e sem polimento
TikTok dominando tudo
Crescimento dos mercados nichados
Conteúdo Gerado por Usuários (UGC)
Plataformas descentralizadas
Live Shopping
Marketing de afiliados em sinergia com influencers
Social Commerce
Diversidade e Inclusão
Dados
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Pós-Social Media
Chegamos oficialmente à fase pós-social media. O Snapchat, que já foi a rede social mais popular do mundo por alguns meses em 2016, lançou uma nova campanha com o slogan: “menos social media”. O vídeo destaca todos os efeitos negativos das redes em busca de popularidade e contrapõe com os benefícios de trocas profundas e conexões verdadeiras. Acho que acertaram em cheio ao destilar aquilo que chamei como “do feed pra vida”, e vamos ver muito mais movimentos como este pelos próximos meses.
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
A Wistia é uma empresa de soluções para marketing mais conhecida por suas ferramentas de hospedagem de vídeo. Eles são muito bons em criar formatos diferentes em seus próprios canais para mostrar como sempre dá para produzir algo que se aplique à sua estratégia. O exemplo que eu mais gosto é o vídeo dos Termos de Serviço da plataforma feito em formato de abertura de Star Wars. Eles sempre resgatam no dia 4 de maio (uma data comemorativa da franquia) e sempre funciona. E você, que tal também pensar em formatos fora da caixa para seus conteúdos mais banais?
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• O que é Dark Social e porque você deve levar em conta na sua estratégia [Buffer]
• Report da Salesforce sobre como marketeiros estão usando IA [Marketing Brew]
• Mais uma reportagem detalhando o fim da era das Redes Sociais. [The Economist]
Obrigado pela leitura!
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Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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