RECHEIO - O que está acontecendo?
#️⃣ Edição 69
O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?
Eu tenho receio de parecer repetitivo, então evito retomar assuntos em edições muito próximas (afinal, novidades não faltam).
Mas tem um movimento que eu destaquei lá em novembro do ano passado que causou alguma polêmica. Eu voltei a falar disso no mês passado, mas agora achei importante entrar um pouco mais a fundo para discutir, afinal, onde estamos após o fim das redes sociais?
Em parte, o fim das redes sociais aconteceu com o fim dos influencers. Acabou aquela história de ser relevante apenas por ser — e o conteúdo é que ganhou importância e passou ditar o engajamento e a audiência.
Isso, por sua vez, gerou essa produção mais profissional, bem acabada, perfeitinha. Planejamento, estratégia, roteiro, tratamento… São poucas as pessoas hoje que não pensam nisso antes de postar mesmo uma fotinha no Insta.
O Business Insider fez uma reportagem recente analisando justamente isso. Os jovens, principalmente, se sentem desmotivados a publicar e interagir em um ambiente tão engessado e perfeito.
Com isso, as redes sociais morreram.
Mas isso não significa, claro, que a socialização morreu. Ela só mudou de lugar. Segundo o próprio Adam Mosseri, chefão do Instagram, ela agora acontece nas mensagens diretas e nos Stories.
Isso mesmo, a parte “social” das plataformas não está mais tão evidente. As pessoas veem um post e comentam com alguém no WhatsApp, encaminham um TikTok no grupo do Insta, respondem a um Stories e engatam em uma conversa.
O social ainda está lá, só não está mais tão… em rede.
O efeito é esse momento esquisito em que estamos. O engajamento geral em todas as redes parece ter caído muito, mas na verdade ele apenas foi transferido para espaços particulares. Pouca gente posta, comenta e deixa o like no feed… Isso tudo acontece de forma mais privada em outros lugares.
Então quer dizer que sua estratégia de social foi pro espaço e que o conteúdo que você faz não serve pra mais nada?
Sim. E não.
O conteúdo segue sendo fundamental em muitos pontos (construção de valor, alinhamento de propósito, informação, etc). Mas no cenário de social, ele deixa de ser sobre concentrar engajamento nos seus canais e passa a ser sobre dar insumos para a conversa onde ela estiver.
Ou seja, se antes o papel de social media era criar um post que viralizasse e ganhasse muitos likes e comentários, hoje é de compartilhar temas interessantes, pautar o que as pessoas estão conversando e gerar insights.
Já que tem tanta conversa e socialização rolando em torno de conteúdos por ai, eles bem que poderiam ser a respeito de algo que a sua marca criou, não é mesmo?
Claro, ainda não sabemos bem como medir isso. Nem mesmo como garantir que está funcionando. Mas esse é outro efeito desse momento pós-redes sociais: olhar para os dados e seguir os sinais deve ser mais relevante do que atingir metas de vaidade. Esteja nas conversas, participe das conversas. Isso é ser social de verdade.
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
Um gráfico pra você pensar…
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo (hoje, falando mais sobre redes sociais)
A última rede social?
O Threads é exemplo perfeito desse ponto de inflexão das redes sociais. O app nasceu atento a todas as tendências e preparado para roubar o espaço do X (Twitter). Começou bombástico… e caiu velozmente. Agora, a ordem parece ser de forçar engajamento a todo o custo para lá. Entre as novas ações, estão posts recomendados do Threads aparecendo no feed do Insta, que aparecem a partir de contas seguidas ou temas de interesse. Por outro lado, recursos novos vêm ai, como a opção de publicar notas de áudio de até 30 segundos. A tal da socialização simplesmente não está acontecendo e todo o mercado está observando atento para entender como reagir a isso.
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De vídeo a rede social?
Enquanto toda rede social quer virar o TikTok, o TikTok quer virar uma rede social…? Uma reportagem do Axios revela que a Bytedance (dona do app) está contratando profissionais para desenvolver funções de interação social. A razão? Quando as pessoas querem interagir ou repercutir conteúdos da plataforma de vídeos, elas acabam reproduzindo o conteúdo em outros lugares (sim, conforme eu discuti no texto principal ai de cima). Quer dizer que o TikTok vai dar uma virada completa e virar rede social? Não, a ideia é contar com mais referências sociais de quais conteúdos estão viralizando. Algo que o YouTube, por exemplo, consegue trabalhar muito bem.
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Rede social ou plataforma?
Eu gosto sempre de reforçar como o YouTube ainda é o ápice de uma plataforma de conteúdo de sucesso. Agrada todas as idades, tem engajamento imenso, retém usuários na mesma medida que atrai novos, tem recursos de social sem ser social… Não à toa, ainda é sempre copiada. Embora o Instagram tenha lançado o Reels para surfar na onda dos vídeos curtos do TikTok, agora o app prepara uma opção para vídeos de até 10 minutos. Já que as pessoas acostumaram a assistir tanta coisa por lá, porque não esticar a atenção delas por mais tempo, não é mesmo? Atenção para a criação de conteúdos mais explicativos e detalhados, que sempre vão bem nesses formatos mais longos.
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Chega de rede sociais?
Meu último destaque para o tema de social nesta edição, juro. Mas achei incrivelmente simbólico o resultado dessa pesquisa do Sprout com profissionais de marketing. 42% dos respondentes afirmaram que planejam parar de trabalhar com social media nos próximos 2 anos. 20% querem mudar de carreira no próximo ano. As razões são algumas, mas resumindo, quem trabalha em social tem pouca mobilidade de carreira, sofre de estagnação salarial e baixa autonomia estratégica. Sem falar no burnout. O social, que já foi a área de mais inspiração, empolgação e inovação das empresas, se tornou burocrática e desinteressante para muita gente. Quem fica hoje está basicamente usando para pagar as contas (dados da pesquisa). Se o departamento de marketing da sua empresa ainda não se ligou nisso, se prepara, a evasão de talentos vai ser forte…
É CASE QUE VOCÊ QUER, @?
Então se inspire aqui nesse exemplão de conteúdo.
Um cereal é conteúdo? Eu não sei, mas sigo fã da estratégia de branding e conteúdo da Shopify. Eles fizeram um post no Instagram para lançar seu novo cereal matinal criado especialmente para quem empreende. O Entrepreneur Energy tem canela, açúcar e até aqueles joguinhos na embalagem, para animar a manhã de quem tem uma empresa própria. Feita em parceria com a Off Limits, a ação tem o claro objetivo de gerar conversa e posts dos clientes — que ganharam algumas unidades como brinde. Mais uma vez, a ideia é gerar uma troca divertida e criar identificação com o público. Poderia ser um post só pra ganhar likes? Sim, mas aí não seria engajador de verdade.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Time de social: contratar uma agência ou fazer in-house? [Later]
• A música do verão nos EUA (e globalmente), segundo o TikTok [TikTok]
• Presidente do Google Brasil falando sobre relevância cultural do YouTube [Google]
Obrigado pela leitura!
Esta é a newsletter RECHEIO. Toda quinta-feira, às 07h08, conteúdo que importa direto no seu e-mail — mas como esta semana tem feriado, esta edição chegou 1 dia mais cedo :)
Por, Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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