RECHEIO — O que aconteceu com o funil?
#️⃣ Edição 95
Quem conhece a RECHEIO já sabe: eu não tenho nenhum problema em anunciar o fim de alguma coisa, mesmo que pareça fora da realidade: influencers, redes sociais, o Google… pode escolher.
Se há uma tendência de comportamento se formando para o fim (ou transformação) de algum hábito, é fundamental a gente lidar com isso e aprender a se adaptar.
Então eu simplesmente tinha que discutir aqui a nova morte do momento:
A morte do marketing
Não é de hoje que o marketing está morrendo. Seja pela força do Marketing Digital “destruindo” o marketing tradicional nos anos 2010. Ou pelo Marketing Viral “aposentando” o marketing pago. Ou até mesmo o confiável funil de conversão (tadinho) se tornando apenas um cadáver estirado no chão de muitas reuniões de planejamento por aí…
Mas agora a coisa parece mais séria, com diversos posts no LinkedIn discutindo como a jornada tradicional de mkt ficou superada, com fórmulas novas aparecendo o tempo todo. E outras mais deixando de funcionar…
O que estamos vivendo, na verdade, é mais do que a substituição de um modelo. É uma completa revisão constante de qual é o papel do marketing — não apenas para as marcas, mas também para a sociedade.
O ChatGPT até me deu essa definição aqui:
Marketing é o conjunto de estratégias e técnicas utilizadas para promover produtos, serviços ou marcas, visando atender às necessidades e desejos dos consumidores, além de alcançar os objetivos comerciais das empresas.
Mas as formas de promover mudam. Assim como as necessidades e desejos dos consumidores. Sem falar nos objetivos das empresas. Cada um desses ingredientes altera o outro, de maneira que a receita inteira muda, mesmo que o resultado final permaneça o mesmo.
Tem três fatores principais que tornam as estratégias de marketing atuais tão incertas em comparação com as fórmulas do passado.
1- A explosão do conteúdo
A internet é feita de conteúdo (eu já falei disso aqui) e a nossa vida é muito vivida na internet. Então a gente se relaciona o tempo todo através do que é criado por outras pessoas e também por marcas. Isso já extrapolou para fora da web e a gente encontra cada vez mais empresas interessadas em atingir público mesmo que não seja através de produtos.
Dá uma olhada nesse vídeo criado pela marca de água mineral Liquid Death. É uma parceria com uma empresa de cosméticos. É de humor. E não tem nada sobre água.
Por mais que a gente saiba que é uma peça de marketing, é difícil até enquadrar no funil tradicional ou nas etapas mapeadas que estamos acostumados. É só… um conteúdo. E atualmente isso tem mais valor que a estratégia afunilada. Afinal vivemos uma…
2 - Jornada não-linear de compra
Seja pela maneira totalmente nova como os jovens fazem busca online ou como os influencers mudaram nossa forma de decidir quais produtos considerar, não compramos mais de uma mesma maneira. Cada pessoa tem uma jornada própria de descoberta, interesse, consideração e conversão. E, segundo o Google, todas elas envolvem decisões, além de idas e vindas.
“Hoje, as escolhas dos consumidores influenciam muito no alcance e na frequência. Eles preferem se relacionar com marcas que sejam relevantes, úteis e pessoais.”
Mais um reforço de como o conteúdo se tornou a peça fundamental do marketing. Ele cria a tal relevância e o tal relacionamento muito antes de qualquer movimento de compra começar. E, em muitos casos, é crucial nas tomadas inesperadas de decisões. O que leva ao terceiro ponto:
3 - Dados, muitos dados
O marketing funciona tão bem quanto os dados que ele gera e é capaz de analisar. Mas com tanto conteúdo para ser analisado e uma jornada de compra completamente irregular, acabamos com um monte de informações na mão.
A solução é aquela de sempre: tentar encaixar nas fórmulas que já conhecemos. É aí que tudo desanda e o marketing morre de novo.
Estamos em uma época de ouro para descobrir mais sobre as necessidades e desejos dos consumidores. Os dados já têm esclarecido um pouco disso para nós, mas ainda é cedo para dizer se existe uma receita recorrente que possa funcionar.
A quantidade imensa de dados aos quais temos acesso hoje mostra diariamente que fórmulas antigas não funcionam mais. E qualquer nova receita que a gente cria fica logo velha, quando os dados revelam que comportamentos mudam e desejos se transformam.
Então sim, o marketing morreu. Mas não quer dizer que ele não exista mais. Aliás, o bom marketing precisa estar morrendo o tempo todo. Só assim ele é capaz de se adaptar às necessidades do consumidor e, assim, ter razão para continuar existindo.
RECHEADA DE INFORMAÇÃO
O Reddit é um verdadeiro case de sucesso. O que antes era um fórum restrito e de temas ultra nichados, soube construir uma cultura de moderação feita pelos próprios usuários e ainda surfar nos resultados das páginas do Google, tomando um lugar que já foi do Twitter. Com isso, a plataforma registrou um crescimento de mais de 22 milhões de usuários ativos diários em menos 1 ano. Agora tá cheio de marcas por lá, anunciando e engajando.
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IA QUENTINHA
Um resumão desses anúncios todos de atualizações de Inteligência Artificial
A OpenAI revelou esta semana uma versão nova da sua ferramenta. O ChatGPT-4o (a letra “o” vem de “Omni”) é uma versão mais ágil e versátil, que permite comandos via voz, vídeo e texto — segundo a empresa, com a mesma naturalidade e tempo de resposta da conversa com um humano. As demonstrações divulgadas realmente impressionam, com exemplos de tradução em tempo real, humor e até a capacidade de fazer e analisar planilhas. O que impressiona mais: vai ser gratuito pra todo mundo, diferente da versão atual GPT4, que só fica disponível para quem paga quase R$ 100 por mês. O lado ruim? Parece que é tudo ainda muito experimental e só vai ser liberado para o público pra valer ao longo do ano. Ainda assim, as promessas são grandes e podem trazer um impacto ainda maior para quem já usa IA.
O Google também fez sua série de anúncios envolvendo IA. As principais delas são uma nova busca ainda mais turbinada com a Inteligência Artificial Gemini, além de novos assistentes para o Workspace e Gmail. Ao contrário da rival, o plano aqui é inserir a tecnologia nos produtos que já existem e, quem sabe assim, elevar as possibilidades de uso. Mas os dados sobre quantas pessoas de fato tem usado esses recursos do Google ainda são obscuros…
TÁ QUENTINHO
As principais novidades e tendências do mundo do conteúdo
Pesquise na web
O Google lançou um novo filtro em sua busca que limita resultados apenas para páginas de texto. A opção já está ali na barrinha, ao lado de “todas”, “vídeos”, “imagens” e “notícias”. Talvez você precise clicar no “Mais” para ver. Parece um jeito de dar uma experiência mais tradicional para os usuários que não se adaptaram bem à nova (e cheia!) SERP.
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Seja óbvio nos vídeos
Se você quer ranquear seus vídeos nos resultados do Google, John Mueller, o porta-voz da empresa para todos os assuntos algorítmicos, deu a letra:
“Precisa ser super óbvio que é uma página para dar play em um vídeo, especialmente no mobile (…). Não deve ser um vídeo aleatório que é acessório ao texto, deve ser primeiramente um vídeo”.
A dica vem depois do Google mudar as regras de ranqueamento em dezembro de 2023, que tirou várias páginas com conteúdo de vídeo do topo das buscas. A ideia agora é que só ranqueia como vídeo páginas focadas totalmente nos vídeos.
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Não poste Reels longos
O Instagram criou o Reels como um formato de vídeos curtos para competir diretamente com o TikTok. Com o tempo, após muita demanda do público, a plataforma estendeu a duração dos vídeos curtos de 90 segundos para até 15 minutos. Mas, segundo o time de conteúdo do próprio Insta, isso não é uma boa ideia. Em uma apresentação recente (com a presença do Adam Mosseri) a equipe de content do IG mostrou um slide afirmando que Reels que duram mais de 90s podem afetar negativamente a distribuição. Outras características ruins para o alcance são vídeos com marca d’água de terceiros, vídeos de baixa qualidade ou conteúdos não originais.
BOCADITOS
Links rápidos para leituras demoradas.
• Tendências marketing para vários nichos [Sprout]
• Tendências de vídeos no TikTok [Later]
Obrigado pela leitura!
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Por Alberto Cataldi, head estrategista de conteúdo e jornalista. Me segue lá no Linkedinho que também compartilho coisas deste universo (e memes).
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